Quase 90% dos chineses têm casa própria e esse número é maior do que em qualquer outro lugar do mundo
Já imaginou viver em um país onde praticamente todo mundo tem casa própria?
Na China, isso é realidade. Segundo um relatório da Universidade Sudoeste de Finanças e Economia, feito em parceria com o Banco do Povo da China, quase 90% das famílias chinesas são donas de suas casas ou apartamentos, um índice muito acima da média mundial, que gira em torno de 60%.
Um dado que surpreende o mundo
O estudo entrevistou cerca de 4 mil famílias urbanas, e revelou que 85% delas possuem imóvel próprio.
Nas áreas rurais, o número é ainda mais impressionante: 94,6% dos moradores vivem em casas de sua propriedade.
“Cada família urbana tem, em média, 1,22 apartamentos”, destaca o relatório.
Para comparação, a média global é bem menor.Publicidade
Esse dado levou muitos internautas chineses a questionar: será que o país é realmente tão rico assim?
O outro lado da história
Nem todos concordam com a ideia de que a China é um paraíso imobiliário.
Muitos jovens, principalmente nas grandes cidades como Xangai e Pequim, ainda enfrentam enormes dificuldades para comprar o primeiro imóvel.
Um usuário comentou em um portal chinês: “Nem eu nem meus amigos temos apartamento. Isso quer dizer que estamos todos abaixo da média?”.
Outro lembrou que o conceito de “família” pode distorcer os números. Em algumas regiões, uma casa abriga várias gerações, o que infla a taxa de propriedade.
Tradição, status e segurança
A explicação para esse fenômeno vai muito além da economia.
Na cultura chinesa, ter casa própria é símbolo de estabilidade e respeito.
Muitos pais se esforçam para comprar imóveis para os filhos antes do casamento, um gesto que representa segurança e prosperidade familiar.
Na China, possuir um imóvel não é apenas um investimento. É quase uma questão de honra.
Essa mentalidade, somada a décadas de políticas habitacionais e expansão econômica, ajudou a consolidar uma cultura de propriedade sem precedentes.
O mercado imobiliário e seus desafios
Mesmo com tantos donos de imóveis, a demanda por novas moradias continua alta.
Segundo o professor Li Daokui, da Universidade Tsinghua, isso acontece porque milhões de jovens deixam as cidades natais em busca de trabalho, o que cria uma nova necessidade de habitação.
Além disso, o governo chinês vem tentando conter o superaquecimento do mercado desde 2010, com medidas como aumento do valor de entrada, limitação da compra de múltiplos imóveis e novos impostos sobre propriedades.
Apesar dessas políticas, o espaço de moradia por pessoa continua crescendo. Em Xangai, por exemplo, a área média passou de 15,5 para 17 metros quadrados por habitante em menos de uma década.
O retrato de um país em transformação
A alta taxa de casas próprias na China mostra um contraste curioso: enquanto o sonho da casa própria diminui em muitas partes do mundo, na China ele ainda é regra.
Mas, ao mesmo tempo, as novas gerações enfrentam uma realidade mais dura, marcada por altos preços e forte pressão social.
O que parece ser um sinal de riqueza é, na verdade, o reflexo de uma cultura que valoriza a posse e o pertencimento, mesmo quando o custo disso é a liberdade financeira.
“Na China, o lar não é apenas um endereço. É a base da identidade familiar.”
