A farra das apostas esportivas no Brasil sofreu um verdadeiro “carrinho por trás” com a aprovação da PL 2.985 no Senado. O texto aprovado impõe uma série de limitações rigorosas para a publicidade das famosas casas de BETs — aquelas que dominavam os intervalos de jogos, feeds do Instagram e até memes com mascotes fofinhos (ou nem tanto).
E as mudanças são profundas. O jogo virou — e não é no sentido figurado.
Influenciadores e atletas: fim da linha?
Se você segue influenciadores que vivem postando links de apostas com promessas de riqueza fácil, prepare-se para vê-los mudar de nicho ou desaparecer. A nova lei proíbe qualquer pessoa em atividade pública de fazer propaganda de BETs: atletas, artistas, autoridades e influenciadores estão fora.
E aqui entra uma grande questão: o que define um influenciador?
Quantos seguidores alguém precisa ter pra ser considerado influente? E se a postagem for espontânea? Quem será punido — o influenciador ou a casa de apostas?
Para os criadores de conteúdo que viviam disso, a festa acabou. Muitos já estavam com o padrão de vida baseado nesses contratos. Vai ter muito conteúdo agora sobre “vida simples” e “minimalismo” (forçado, no caso).
Propagandas limitadas a horários específicos
Nada de anúncios o tempo todo. A nova regulamentação estipula horários fixos para a publicidade de casas de apostas:
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TV, streaming e redes sociais: das 19h30 às 0h
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Rádio: das 9h às 11h e das 17h às 19h30
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Jogos ao vivo: só nos 15 minutos antes ou depois
Isso muda completamente o jogo para quem usa as apostas como principal anunciante durante transmissões esportivas. A ideia é clara: menos exposição, menos glamour, menos ilusão.
Tigrinho, cobrinhas e mascotes: fim da era infantilizada
Acabou a farra dos personagens fofinhos que serviam como “isca” para atrair jovens (e até crianças). A nova lei proíbe qualquer tipo de mascote, animação ou símbolo que possa chamar a atenção dos menores. A comunicação também não pode sugerir sucesso, riqueza ou vida boa com apostas.
Agora os anúncios terão que vir com aquele aviso pesado:
"Apostas causam dependência e prejuízo a você e à sua família."
Parece comercial de cigarro, né? Pois é, a ideia é a mesma: desromantizar o vício.
Estádios, redes sociais e outras regras que mudam tudo
Nos estádios, só quem é patrocinador oficial poderá exibir publicidade. E nos canais digitais, os anúncios só poderão aparecer para usuários maiores de 18 anos e devidamente autenticados.
Mas como garantir isso? Quem nunca colocou uma idade falsa pra acessar algo online? A dúvida continua: como controlar isso nas redes sociais? Será que a simples publicação de um post já conta como publicidade? Só o impulsionamento? Há muitas brechas ainda a serem discutidas.
Apostas ainda vão existir? Sim, mas bem diferentes
O mercado de iGaming no Brasil não acabou — mas entrou num modo mais contido e regulado. CEOs das grandes BETs sabiam que esse freio era inevitável. A guerra pela visibilidade com dinheiro infinito não podia continuar sem limites.
Agora, os mais espertos vão se adaptar. E não se engane: o marketing vai achar um jeito de continuar jogando — talvez com nano-influenciadores, pequenos criadores de conteúdo que passam despercebidos pela regulamentação.
Mas uma coisa é certa: o tempo da farra fácil acabou.
Curiosidade extra: o mercado bilionário das BETs
Você sabia que o Brasil movimenta bilhões de reais por ano com apostas online? Estima-se que só em 2023 o mercado tenha movimentado mais de R$ 12 bilhões, a maior parte disso vindo de apostas esportivas. Isso explica o interesse de tantos influenciadores, clubes de futebol e plataformas nesse setor.
