Já imaginou descobrir que William Shakespeare — o gênio por trás de Romeu e Julieta e Hamlet — pode ter se inspirado em algo além da musa da literatura? Uma pesquisa de 2015 encontrou traços de cannabis em cachimbos de barro com mais de 400 anos, desenterrados no jardim de New Place, a casa onde Shakespeare viveu em Stratford-upon-Avon.
O estudo foi conduzido por Francis Thackeray, um renomado paleoantropólogo sul-africano, que usou cromatografia a gás acoplada à espectrometria de massa para detectar os resíduos. Entre as 24 amostras analisadas, oito cachimbos deram positivo para vestígios de maconha, embora nenhum deles tenha sido diretamente atribuído ao próprio Shakespeare.
“Noted weed” e “compounds strange”: pistas nos sonetos?
Alguns estudiosos sugerem que pistas sobre o uso de cannabis aparecem nos próprios textos do autor. Em Soneto 76, Shakespeare escreve sobre “compounds strange” (compostos estranhos) e “noted weed” (erva conhecida), o que levantou suspeitas sobre possíveis referências indiretas à planta.
Há quem acredite que obras como Sonho de uma Noite de Verão poderiam ter sido criadas sob influência de substâncias psicoativas, dada a atmosfera surreal, mágica e onírica da peça.
Mas Shakespeare realmente fumava?
Calma lá! Nem tudo é tão literal. O Shakespeare Birthplace Trust, organização que preserva a memória do autor, alerta que não há provas de que Shakespeare fumava maconha. Os cachimbos foram encontrados em áreas comuns e não estavam identificados como pertencentes a ele. Então, a conexão é mais especulativa do que confirmada.
Ainda assim, o achado levanta reflexões curiosas sobre os hábitos culturais e medicinais da Inglaterra do século XVII, quando a cannabis era usada de forma bem diferente dos tempos modernos.
Uma erva comum na época?
Vale lembrar que, na época de Shakespeare, o cânhamo (hemp) era amplamente cultivado na Inglaterra, principalmente para a fabricação de cordas e tecidos. A planta, no entanto, também podia ser usada medicinalmente ou até mesmo em práticas recreativas por algumas pessoas.
Embora a ideia de Shakespeare sob os efeitos da erva seja fascinante, ela permanece como uma hipótese divertida — mas não comprovada.