Uma equipe de pesquisadores da Universidade Sun Yat-Sen, em Guangzhou, China, surpreendeu a comunidade científica ao restaurar a atividade cerebral de porcos 50 minutos após a morte. Esse feito inédito foi alcançado com uma técnica que utiliza o fígado como parte do sistema de suporte à vida, abrindo novas possibilidades para reduzir lesões cerebrais em casos de paradas cardíacas. Com a introdução desse método, o objetivo é estender o tempo seguro para reanimação, diminuindo os danos ao cérebro e possibilitando avanços significativos em emergências médicas.
O estudo, publicado recentemente, detalha como a circulação sanguínea insuficiente após uma parada cardíaca pode causar lesões cerebrais graves, frequentemente irreversíveis após oito minutos de isquemia. Para superar essa limitação, os cientistas dividiram os porcos em dois grupos e induziram isquemia no cérebro, com um dos grupos também sofrendo isquemia no fígado. A inclusão de um fígado saudável ao sistema de suporte à vida mostrou-se essencial para prolongar a “janela de reanimação”, pois, além de garantir o fluxo sanguíneo adequado ao cérebro, ajudou a reduzir as lesões cerebrais significativamente.
Em testes com intervalos de reanimação de até quatro horas, a reativação cerebral foi possível em 50 minutos, o maior tempo registrado para a recuperação de atividade elétrica no cérebro após a morte. A pesquisa também ressalta a importância do fígado no controle das funções vitais em procedimentos de reanimação. Apesar dos avanços, os cientistas enfatizam que ainda são necessários estudos aprofundados sobre os danos neurológicos e a sustentabilidade dessa técnica em humanos, esperando que esse método possa, um dia, transformar o atendimento a pacientes de parada cardíaca.