Com a chegada do período chuvoso, o famoso canto das cigarras ganha destaque, especialmente em dias quentes. Segundo a crença popular, esses insetos "preveriam" a chuva, mas a verdade é um pouco diferente. De acordo com Fabrício Escarlate, professor de Ciências Biológicas do CEUB, o som emitido pelas cigarras tem mais a ver com processos biológicos, como a regulação hormonal e a reprodução, do que com a previsão do clima. De fato, os cantos ocorrem depois das chuvas, quando o ambiente está mais propício para a reprodução.
Esse canto é o resultado de uma complexa interação entre dois hormônios: o hormônio da muda e o hormônio juvenil, que controlam a transição entre a fase juvenil e adulta da cigarra. A coincidência entre a época de reprodução das cigarras e o período chuvoso não é fruto de uma previsão climática, mas sim de uma estratégia biológica. O aumento da oferta de alimentos após as chuvas cria o ambiente ideal para a reprodução desses insetos. Além disso, essa relação pode variar de acordo com o bioma, dependendo das condições ambientais específicas de cada região.
Outro detalhe fascinante: apenas os machos cantam, e isso só é possível graças a um conjunto de 11 órgãos cimbálicos localizados no abdômen. Esses órgãos permitem que eles emitam sons altíssimos, chegando a mais de 120 decibéis, com o único objetivo de atrair as fêmeas. Na próxima vez que ouvir o canto das cigarras, lembre-se que esse som é uma peça chave na adaptação e sobrevivência desses insetos, e não apenas um anúncio de chuva.