Já imaginou um feriado que é mais celebrado fora do país onde ele surgiu? Pois é exatamente isso que acontece com o Cinco de Mayo. Essa data, que muita gente pensa ser o “dia da independência do México”, na verdade tem um significado bem diferente — e mais interessante do que você imagina.
Hoje, o Cinco de Mayo virou uma explosão de tacos, margaritas e desfiles em cidades norte-americanas. Mas por trás de toda a festa, existe uma história de resistência, imigração e identidade cultural que vale a pena conhecer.
A verdadeira origem do Cinco de Mayo
Vamos voltar no tempo. No dia 5 de maio de 1862, o exército mexicano, liderado pelo General Ignacio Zaragoza, venceu as poderosas tropas francesas na Batalha de Puebla. Era uma vitória improvável: os mexicanos eram apenas 2 mil, contra mais de 6 mil soldados franceses, bem mais equipados.
Essa batalha não foi pela independência do México — que, aliás, é comemorada em 16 de setembro. O que estava em jogo era impedir que a França transformasse o México num império aliado, sob o comando do arquiduque Maximiliano de Habsburgo. E o México, contra todas as probabilidades, resistiu.
Mas se não é independência… por que tanta festa?
Aí que está a curiosidade. No México, o Cinco de Mayo só é celebrado oficialmente no estado de Puebla e de forma mais discreta no resto do país. Já nos Estados Unidos, a data se transformou em uma espécie de carnaval mexicano, principalmente entre os descendentes de imigrantes.
Tudo começou com comunidades mexicanas na Califórnia, ainda no século XIX. Mas foi nos anos 60 e 70, com o Movimento Chicano, que o Cinco de Mayo ganhou um novo significado: uma afirmação da identidade latina, da luta por igualdade e do orgulho cultural.
Nos Estados Unidos, onde a data é amplamente celebrada, o Cinco de Mayo também ganhou um significado político e simbólico ainda mais profundo. Para muitos mexicanos e méxico-americanos, a comemoração se transformou em um ato de autoafirmação da identidade cultural, de orgulho pelas raízes e pela história de resistência do seu povo. Especialmente durante governos com discurso anti-imigrante, como o de Donald Trump, o Cinco de Mayo se tornou uma forma de protesto contra políticas discriminatórias e xenofóbicas, reafirmando a presença e a contribuição da comunidade latina na sociedade norte-americana.
O lado comercial e as polêmicas
Com o tempo, o feriado foi sendo adotado por marcas de cerveja, restaurantes e empresas. E hoje movimenta bilhões em vendas de comida, bebidas e eventos temáticos.
Porém, há quem critique essa “americanização” da data. Muitos mexicanos e ativistas apontam que a festa virou mais uma desculpa para beber, com fantasias estereotipadas de sombreros e bigodes falsos, do que uma celebração respeitosa da cultura.
É o famoso dilema entre celebração ou apropriação cultural?
Como o Cinco de Mayo é celebrado nos EUA?
Prepare-se para uma mistura de desfile, festival gastronômico e muita música:
-
Los Angeles: tem a maior celebração do mundo, com a Fiesta Broadway.
-
Denver: corrida de chihuahuas e competição de chili.
-
San Antonio: danças folclóricas e mariachi no Historic Market Square.
-
Chicago: desfiles e atividades para crianças na Little Village.
-
San Diego: shows e comidas típicas no charmoso Old Town.
Curiosidades que você (provavelmente) não sabia:
🔹 A Batalha de Puebla impediu que a França ajudasse os Estados Confederados na Guerra Civil dos EUA. Ou seja: o Cinco de Mayo também ajudou a moldar a história americana.
🔹 A famosa corrida de chihuahuas, em Denver, já virou tradição e atrai milhares de espectadores todos os anos.
🔹 O nome "Cinco de Mayo" é mais conhecido nos EUA do que na maior parte do próprio México.
O Cinco de Mayo é um ótimo exemplo de como datas ganham novos sentidos com o tempo e a migração. Nos Estados Unidos, ele se tornou símbolo de luta, resistência e orgulho latino. E sim, também virou uma grande festa — mas a história por trás dela é ainda mais fascinante.
Agora que você sabe tudo isso... Já imaginou como outras tradições podem ter origens que quase ninguém conhece?