Já imaginou que existem aviões projetados nos anos 1950 que ainda voam hoje em dia? Um deles é o Antonov An24, um avião bimotor da era soviética conhecido como “trator voador” pela sua resistência e robustez. E foi justamente um desses que caiu nesta semana no leste da Rússia, matando dezenas de pessoas.
O An24, usado para voos de curta e média distância, foi projetado para enfrentar frio extremo, pistas não pavimentadas e regiões inóspitas — como a Sibéria, onde a aeronave desapareceu dos radares e teve seus destroços encontrados em chamas, a poucos quilômetros da cidade de Tynda. Segundo autoridades russas, o avião levava cerca de 50 pessoas, incluindo cinco crianças, e não há sobreviventes confirmados.
O que é o Antonov An24 e por que ele ainda voa?
Produzido pela Antonov, empresa ucraniana que fazia parte da antiga União Soviética, o An24 é um avião que não depende de pistas asfaltadas e pode decolar sob nevascas. Essa capacidade o torna ideal para regiões como a Sibéria. No entanto, após a guerra na Ucrânia e as sanções impostas ao governo russo, a manutenção dessas aeronaves se tornou mais difícil — o que reacende o alerta sobre os riscos de manter aviões antigos operando.
A Angara Airlines, companhia que operava o voo, ainda possui ao menos 10 An24 em sua frota, fabricados entre 1972 e 1976. Enquanto isso, o modelo substituto chamado Ladoga ainda está em desenvolvimento e só deve começar a operar em 2027.
O apelido “trator voador” tem razão de ser
Esse avião ganhou o apelido por sua durabilidade, estrutura reforçada e confiabilidade em terrenos extremos. Apesar disso, acidentes com esse modelo já aconteceram antes, e especialistas alertam para os riscos de prolongar a vida útil de aeronaves tão antigas.
O caso acendeu um alerta mundial. O presidente Vladimir Putin foi informado da tragédia, e autoridades russas já abriram uma investigação. Uma das hipóteses é erro da tripulação causado por baixa visibilidade.
Curiosidade: por que a Rússia ainda usa aviões da era soviética?
Com a saída de empresas ocidentais e a dificuldade para obter peças novas, a aviação russa teve que recorrer ao que já tinha disponível. A frota moderna está estagnada, e muitos aviões antigos continuam operando por pura necessidade.
Enquanto isso, os passageiros vivem o impasse: voar em aviões novos é cada vez mais raro, e confiar em modelos com mais de 50 anos de uso é um risco crescente.
