Você já imaginou que, a mais de mil quilômetros da costa brasileira, existe uma “montanha” submersa do tamanho do estado do Ceará, repleta de fósseis, minerais raros e mistérios do passado? Pois é, estamos falando da Elevação do Rio Grande (ERG), uma formação submarina gigantesca que está chamando a atenção de cientistas, ambientalistas e até de potências internacionais.
A ilha que foi pro fundo do mar
O que hoje está a cerca de 650 metros abaixo do nível do mar, já foi uma ilha vulcânica, com praias, dunas, cavernas e até manguezais! Pesquisas indicam que a ERG ficou acima do nível do mar entre 30 e 5 milhões de anos atrás, no período entre o Oligoceno e o Plioceno.
Aliás, sabe o que encontraram por lá? Fósseis de algas vermelhas, típicas de águas rasas, o que reforça a ideia de que essa formação já foi uma plataforma costeira — quase como uma "Atlântida brasileira".
Uma ponte perdida entre continentes?
E aqui vem a parte mais surpreendente: alguns pesquisadores acreditam que a Elevação do Rio Grande pode ter sido o elo perdido entre a América do Sul e a África durante a separação dos continentes que formavam o antigo supercontinente Gondwana. Isso mesmo! É como se estivéssemos diante de um pedaço da história da Terra preservado no fundo do mar.
O “Pré-Sal” da mineração?
Se você acha que isso já é incrível, prepare-se: a ERG pode conter um dos maiores tesouros minerais do século XXI. Por lá, há indícios de depósitos de cobalto, níquel, molibdênio, platina, titânio e até os famosíssimos minerais de terras raras — elementos fundamentais para a produção de smartphones, carros elétricos, satélites, baterias, lasers e muito mais.
Não à toa, alguns especialistas já estão chamando a Elevação do Rio Grande de “Pré-Sal da Mineração”.
Brasil no jogo global: oportunidade ou ameaça?
A China domina cerca de 80% da produção mundial de terras raras, e esse controle dá a ela um imenso poder geopolítico. Mas o Brasil pode mudar esse cenário. Desde 2014, temos o direito exclusivo de pesquisa exploratória na região da ERG, concedido pela Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos.
Se conseguirmos provar o potencial da área, o país pode se tornar uma alternativa estratégica ao monopólio chinês, entrando forte no mercado global de alta tecnologia — e isso tudo com uma estrutura já desenvolvida para exploração em águas profundas, como provado no Pré-Sal.
O desafio da exploração em alto-mar
Mas nem tudo são flores (ou fósseis de algas vermelhas). A mineração submarina é cara, complexa e enfrenta forte resistência de ambientalistas, ONGs e até governos estrangeiros. Países como Alemanha, França e China já disputam espaço para pesquisas na região, e muitos tentam questionar a soberania brasileira na área.
Além disso, a União Europeia já se posicionou contra a mineração em alto-mar, propondo uma moratória até que haja segurança ambiental suficiente para essas atividades.
Curiosidades que pouca gente conhece:
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A ERG é tão grande que ocupa uma área de 150 mil km², o equivalente a dois estados de Pernambuco!
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Os minérios encontrados na região são os mesmos usados para fabricar mísseis e satélites, o que coloca a ERG no radar das grandes potências militares.
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O Brasil também está tentando estender sua Zona Econômica Exclusiva (ZEE) para incluir a Elevação, o que garantiria direitos ainda mais amplos sobre a área.
O futuro do Brasil pode estar no fundo do mar
A Elevação do Rio Grande é muito mais do que uma curiosidade geológica — é uma peça-chave para o futuro do Brasil no cenário global. Seja como fonte de riqueza mineral, símbolo de soberania ou marco da nossa Amazônia Azul, ela representa a chance de o país transformar o Atlântico Sul em sua nova fronteira de desenvolvimento.