O que o sono diz sobre sua saúde mental?
Você já acordou com a sensação de que dormiu, mas não descansou?
A ciência acaba de revelar que essa sensação pode dizer muito mais sobre sua mente do que você imagina.
Um novo estudo realizado por pesquisadores do Canadá e de Singapura identificou cinco perfis de sono, cada um com características próprias e fortes conexões com a saúde mental, o desempenho cognitivo e as emoções.
O trabalho foi publicado na revista científica PLOS Biology e analisou dados de 770 voluntários, incluindo exames cerebrais, testes cognitivos e questionários detalhados sobre hábitos de sono.
Os cinco tipos de sono e suas conexões mentais
Os cientistas cruzaram 118 métricas biopsicossociais, desde desempenho cognitivo até traços de personalidade e uso de substâncias, e encontraram cinco perfis distintos de sono. Cada um deles pode influenciar de forma diferente o funcionamento do cérebro.
1. Sono ruim: quando a mente não desliga
Esse grupo inclui pessoas que têm dificuldade para adormecer e apresentam interrupções constantes durante a noite.
Os pesquisadores observaram menor conectividade entre áreas cerebrais ligadas à autorreflexão e atenção, o que pode causar pensamentos repetitivos, ansiedade e estresse.
“Esses indivíduos tendem a ficar presos em suas próprias ideias, sem conseguir focar no ambiente ao redor”, explicam os autores do estudo.
2. Sono resiliente: parece bom, mas esconde sinais mentais
Aqui estão as pessoas que dormem relativamente bem, mas ainda apresentam sintomas de desatenção e menor estabilidade emocional.
Embora não apresentem os mesmos padrões cerebrais do sono ruim, há sinais sutis de sobrecarga mental, indicando que o descanso não é tão reparador quanto parece.
3. Sono com uso de substâncias: o repouso artificial
O terceiro perfil reúne pessoas que dependem de remédios ou substâncias para dormir.
Elas apresentaram pior desempenho em testes de memória e baixa capacidade de reconhecer emoções alheias. Isso sugere que o uso frequente de indutores do sono pode atrapalhar processos emocionais e cognitivos.
4. Sono de poucas horas: menos de sete horas por noite
Dormir pouco pode parecer inofensivo, mas esse grupo mostrou baixa precisão e lentidão em tarefas cognitivas, além de maior tendência à irritabilidade e impulsividade.
A privação de sono afeta áreas cerebrais ligadas à linguagem, raciocínio e habilidades sociais.
5. Sono perturbado: o sono cheio de interrupções
O último perfil é o de quem acorda várias vezes por noite, seja por idas ao banheiro, apneia ou inquietação.
Essas pessoas demonstraram níveis mais altos de ansiedade e uso de substâncias, além de pior desempenho em testes cognitivos.
O sono e a mente: uma relação profunda
Os pesquisadores afirmam que não existe um único tipo de sono ideal, mas sim diferentes combinações de fatores que variam de pessoa para pessoa.
Segundo a cientista Aurore Perrault, coautora do estudo, “os aspectos do sono estão conectados, mas também podem atuar de forma independente sobre o corpo e a mente”.
Essa descoberta abre caminho para tratamentos personalizados, focados nas características individuais de cada pessoa — e não apenas no número de horas dormidas.
Como melhorar sua qualidade de sono
Se você se identificou com algum dos perfis, a boa notícia é que há formas de melhorar seu descanso.
Entre as recomendações dos especialistas estão:
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Manter horários regulares para dormir e acordar
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Evitar cafeína, álcool e telas luminosas antes de deitar
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Criar um ambiente escuro e silencioso
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Priorizar rotinas relaxantes antes do sono
Dormir bem é um dos pilares da saúde mental e entender o seu tipo de sono pode ser o primeiro passo para cuidar melhor de si mesmo.
