Um segundo caso humano de gripe aviária foi confirmado em um trabalhador de laticínios em Michigan, conforme informaram autoridades governamentais dos EUA, ampliando o impacto do surto de H5N1, que já foi encontrado em gado leiteiro em nove estados. Esse caso segue a infecção de um trabalhador agrícola no Texas, e as autoridades de saúde reiteram que o risco para as pessoas continua baixo.
A disseminação da gripe aviária entre gado leiteiro indica uma expansão do espectro de mamíferos que podem ser infectados pelo vírus, que normalmente afeta aves.
Especialistas em influenza consideram preocupante a detecção de um segundo caso de gripe aviária em humanos. Cientistas estão atentos a mudanças no H5N1 que possam indicar que o vírus está se adaptando para se espalhar facilmente entre humanos. O vírus já causou infecções graves ou fatais em pessoas em contato próximo com aves selvagens ou aves domésticas. Ele está há muito tempo na lista de vírus com potencial pandêmico, e qualquer expansão para uma nova espécie de mamífero é motivo de preocupação.
As infecções em gado leiteiro são do mesmo subtipo de gripe aviária que tem infectado aves selvagens e rebanhos de aves domésticas globalmente por mais de dois anos, também matando várias espécies de mamíferos que provavelmente contraíram o vírus ao consumir aves doentes ou mortas.
A extensão total do surto ainda é desconhecida, mas alguns desenvolvimentos recentes sugerem que pode estar em mais rebanhos do que se pensava anteriormente. Em 23 de abril, a Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA) anunciou a detecção de fragmentos do vírus H5N1 no fornecimento de leite. Testes de 297 amostras mostraram que os fragmentos do vírus foram inativados pelo processo de pasteurização, tornando o leite seguro para consumo. As autoridades de saúde dos EUA acreditam que as pessoas não podem adoecer ao beber leite pasteurizado, mas alertam contra o consumo de leite cru não pasteurizado.
As autoridades descobriram que o vírus pode estar presente em vacas que não apresentam sinais de infecção, e o leite dessas vacas não exibe sinais de infecção, como ser mais espesso ou amarelado. Para conter o surto, o governo dos EUA está exigindo que o gado leiteiro em trânsito entre estados seja testado para gripe aviária.
As autoridades dos EUA inicialmente pensavam que o surto era recente, mas novas informações sugerem que pode ter começado no final do ano passado. Um estudo financiado pelo Departamento de Agricultura dos EUA e pelo CDC, publicado este mês, encontrou indícios de que a gripe aviária estava circulando de forma limitada já no final de 2023. O estudo acredita que aves selvagens transmitiram o vírus para o gado, que então se espalhou quando as vacas foram transportadas para outros estados.
Ainda não está claro como o vírus está se espalhando, mas há evidências de transmissão de aves selvagens para vacas, de vacas para vacas, de vacas para aves domésticas e um caso de transmissão de vacas para humanos. Não há evidência de transmissão de humano para humano, reiteraram as autoridades.
Devido à alta carga viral no leite e nas glândulas mamárias, os cientistas suspeitam que o vírus está sendo transmitido aos animais durante o processo de ordenha, seja através do contato com equipamentos infectados ou com o vírus que se torna aerossolizado durante os procedimentos de limpeza. Ainda não está claro se o vírus pode se espalhar através de gotículas respiratórias que infectam as vias aéreas, como os vírus da gripe tipicamente se espalham em humanos.
Um teste de esfregaço nasal do trabalhador em Michigan deu negativo para influenza em um laboratório estadual. No entanto, um teste de esfregaço ocular do paciente foi enviado ao CDC e deu positivo para o vírus H5N1, indicando que pode ter sido transmitido dessa forma.
Os EUA têm um estoque de vacinas contra a gripe aviária correspondentes à cepa atualmente em circulação, bem como antivirais que podem ser usados para tratar infecções humanas. Para uma grande epidemia ou pandemia, os EUA teriam que aumentar consideravelmente a produção. Na semana passada, o governo dos EUA começou a fabricar aproximadamente 4,8 milhões de doses de vacina correspondentes à cepa de H5N1 atualmente em circulação, informou um oficial dos EUA.
