Gasolina com 35% de etanol? Entenda o que muda se a proposta for aprovada
Você já imaginou que a gasolina que usamos nem é “gasolina pura”?
Pois é, o combustível que abastece os carros brasileiros já carrega uma boa dose de etanol anidro, um tipo de álcool sem água que ajuda a reduzir a emissão de gases poluentes. E agora, essa mistura pode ficar ainda mais forte.
Durante uma conferência sobre açúcar e etanol em São Paulo, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, defendeu aumentar a proporção atual de 30% para 35%. A ideia, segundo ele, é acelerar o processo de descarbonização da matriz energética e fortalecer o setor nacional de biocombustíveis.
“Hoje já temos 30% de mistura, e vamos lutar para chegar aos 35%”, afirmou Motta durante o evento.
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O Brasil e o combustível do futuro
A proposta não surge do nada. Ela está prevista dentro do projeto de lei “Combustível do Futuro”, aprovado em 2024, que autoriza o governo a elevar a mistura de etanol até esse limite, desde que haja viabilidade técnica comprovada.
O país é um dos líderes mundiais no uso de biocombustíveis, e a maior parte da frota nacional é formada por carros flex, capazes de rodar tanto com gasolina quanto com etanol puro. Para esses veículos, o aumento para 35% não deve causar problemas.
Mas nem todos os motores são tão adaptáveis assim.
O desafio dos carros a gasolina
Os veículos movidos exclusivamente a gasolina, especialmente os importados e mais antigos, podem sentir o impacto dessa mudança. Como são calibrados para misturas menores, o aumento da porcentagem de etanol pode afetar o desempenho.
Entre os riscos, especialistas citam “batida de pino”, perda de potência e desgaste de componentes como mangueiras e bombas de combustível, que podem não ser compatíveis com a nova concentração.
“O etanol é menos denso energeticamente do que a gasolina pura, o que pode aumentar o consumo por quilômetro rodado”, explicam técnicos do setor.
Menos poluição, mas com um preço
A elevação da mistura traria benefícios ambientais, já que o etanol é um combustível renovável e emite menos carbono. Porém, há um trade-off: o consumo tende a subir levemente, exigindo mais idas ao posto para o motorista comum.
Ainda assim, o debate sobre o E35 reflete um movimento global de busca por alternativas mais limpas e sustentáveis.
No fim das contas, o futuro da gasolina brasileira depende de um equilíbrio delicado entre eficiência, custo e sustentabilidade. E talvez, em breve, o combustível que move o país fique ainda mais verde e um pouco mais alcoólico também.
