Imagine acordar e receber um aviso do governo pedindo que você prepare um abrigo contra bombas. Pode parecer coisa de filme, mas é o que está acontecendo na Lituânia.
Cercada pela Rússia e por Belarus, a pequena nação báltica vive dias de tensão crescente — e agora pede oficialmente que seus cidadãos se preparem para o pior.
“Queremos que todos saibam como se proteger, se a guerra chegar”, disseram as autoridades locais.
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Com o avanço das ameaças vindas do Kremlin e os exercícios militares russos na fronteira, o país decidiu agir antes que seja tarde.
Um país pequeno entre gigantes nervosos
A Lituânia está em uma posição geográfica delicada. De um lado, a Rússia; do outro, Belarus — um dos maiores aliados de Vladimir Putin. Essa vizinhança nada tranquila faz com que qualquer provocação militar acenda o alerta vermelho em Vilnius, a capital do país.
Hoje, há mais de 6.400 abrigos cadastrados em todo o território lituano, capazes de proteger cerca de 1,5 milhão de pessoas — pouco mais da metade da população. Nos prédios da capital, muitos porões foram transformados em refúgios improvisados.
“As pessoas querem sentir que podem se proteger, mesmo que por alguns dias”, contou um síndico local.
O medo de um novo conflito
Os avisos do governo vieram logo após novas ameaças de Putin, que afirmou que “as respostas da Rússia não demorarão a chegar” caso o Ocidente provoque o país.
Para muitos europeus, o discurso reacendeu o medo de uma guerra em larga escala — algo que o continente não via desde a Segunda Guerra Mundial.
Enquanto isso, países como Finlândia e Suécia também começaram a reforçar suas defesas e até discutir medidas extremas, como a produção de armas nucleares próprias.
Preparar sem causar pânico: o desafio do governo
Autoridades lituanas admitem que o maior desafio é convencer a população a se preparar sem gerar pânico.
“Não podemos alarmar as pessoas, mas também não podemos fingir que nada está acontecendo”, disse Donatas Gurevicius, do Serviço Nacional de Resgate e Bombeiros.
Por isso, o governo criou um mapa interativo com todos os abrigos e lançou um guia de sobrevivência de 72 horas, com dicas sobre como armazenar comida, água e primeiros socorros.
Abrigos, evacuação e planos de guerra
A Lituânia, que tem pouco menos de 3 milhões de habitantes e faz parte da União Europeia e da OTAN, já aprovou um plano de evacuação em caso de guerra. Pessoas vulneráveis seriam levadas a regiões seguras, enquanto os que pudessem lutar apoiariam o exército.
Além disso, novas construções residenciais e públicas agora são obrigadas por lei a incluir abrigos subterrâneos — algo que países como Finlândia e Suíça já fazem há décadas.
A Europa volta a segurar a respiração
A guerra na Ucrânia mudou o clima do continente. A simples possibilidade de um novo conflito envolvendo a Rússia faz governos e cidadãos reviverem a sensação da antiga Guerra Fria: medo, incerteza e um desejo silencioso de que nada aconteça.
A Lituânia, por precaução, escolheu agir — e o mundo observa, entre a preocupação e a esperança de que esses abrigos jamais precisem ser usados.
“Esperar o melhor, mas se preparar para o pior”: esse parece ser o novo lema da Europa.
