Você sai de casa, fala “já volto” para o seu cachorro, dá um biscoitinho, fecha a porta... e acha que está tudo bem. Mas e se eu te dissesse que seu cachorro está contando cada segundo da sua ausência como se fossem horas de solidão?
Pode parecer exagero, mas na Suécia deixar um cão sozinho por mais de seis horas é ilegal. Isso mesmo: lá, a saúde mental dos cachorros é coisa séria. E o motivo é simples: eles sentem a sua falta de verdade.
Cães têm noção do tempo? Sim, e muita saudade também
Ao contrário do que muita gente pensa, cachorros não vivem em um limbo temporal. Estudos mostram que eles percebem sim o passar das horas e ficam muito mais agitados quando você passa mais tempo fora. Um retorno depois de seis horas é recebido com muito mais euforia do que depois de apenas duas.
Eles não só percebem sua ausência como sofrem com ela. Alguns uivam, outros quebram coisas ou fazem xixi fora do lugar. Mas os mais discretos apenas se encolhem, tremem ou ficam parados, olhando fixamente para a porta. Silêncio nem sempre significa paz.
O efeito colateral da pandemia nos pets
Durante a pandemia, milhares de pessoas adotaram cães. Mas quando a rotina voltou ao normal, muitos animais não estavam preparados para ficarem sozinhos. O resultado? Ansiedade, problemas comportamentais e, em alguns casos, abandono.
Muitas pessoas não imaginavam que ensinar o cachorro a ficar sozinho seria tão importante quanto ensinar a sentar ou dar a patinha.
Trabalho híbrido: o paraíso dos pets
Se tem uma coisa boa que o home office trouxe foi a companhia para os nossos amigos peludos. Trabalhar em casa permitiu observar a rotina deles: a hora que dormem, quando ficam entediados e até quando começam a pedir atenção com aquele olhar irresistível.
Uma dica de ouro é tentar combinar dias de home office com os dias em que o pet precisa de mais companhia. Um final de semana agitado pode ser compensado com um dia de descanso (para ele e para você) na segunda-feira.
Regras de ouro para não deixar seu cão sofrer
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Não o deixe sozinho por mais de 6 horas
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Faça longos passeios antes de sair
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Não se despeça com drama nem festa
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Crie uma rotina de despedida sempre igual
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Mantenha rádio ou TV ligados com som ambiente
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Se possível, contrate um dog walker ou leve à creche
Você tem mesmo tempo para ter um cachorro?
Adotar um cão é uma decisão que exige responsabilidade. Se sua rotina não permite dar atenção, companhia e exercício ao pet, talvez seja hora de repensar.
O bom senso precisa entrar na rotina Agora, a gente sabe: a realidade do brasileiro é diferente. A maioria das pessoas precisa sair cedo, encarar trânsito, transporte coletivo, enfrentar uma jornada longa fora de casa. Então, privar alguém de ter um cachorro por causa disso seria cruel, injusto e inviável.
Mas aqui vai o ponto: bom senso.
Muita gente extrapola. Sai de casa de manhã e só volta no outro dia. Viaja no fim de semana e deixa o cachorro sem comida suficiente ou com o pote de água quase vazio. Isso sim é descuido — e não falta de tempo, é falta de empatia.
Se for ficar muitas horas fora ou se precisar viajar, peça ajuda: chame um vizinho, um amigo, alguém da família. Existem até cuidadores que passam no local, brincam, alimentam e verificam como o animal está.
É sobre responsabilidade afetiva Ter um cachorro é ter uma companhia, mas também é ter um compromisso emocional. É saber que existe um ser ali esperando por você.
A Suécia pode parecer exagerada com suas regras, mas talvez o exagero esteja mesmo em esquecer que o cachorro sente. Sente medo. Sente saudade. Sente amor.
Então, da próxima vez que você sair de casa, pense nisso: o que seu cachorro sente quando a porta se fecha?
