O TikTok, conhecido por suas dancinhas e desafios, agora é palco de uma poderosa onda de conscientização histórica. Inspirados pelo filme "Ainda Estou Aqui", dirigido por Walter Salles, jovens começaram a compartilhar histórias reais de seus pais e avós que viveram os horrores da ditadura militar no Brasil.
Uma dessas histórias é de Maria Petrucci, de 22 anos. Em um vídeo emocionante, ela segurava a foto 3x4 de seu pai e descrevia o impacto de ser filha de um preso político da ditadura, hoje enfrentando o Alzheimer. Seu relato viralizou, alcançando milhões de visualizações e inspirando outros a expor suas próprias histórias familiares.
Maria revelou que seu pai, Sérgio, foi preso nos anos 1970 por ajudar perseguidos políticos. Apesar de ter escapado das torturas físicas, os traumas psicológicos deixaram marcas profundas. Até hoje, ele manifesta o medo que sentia na época. "Uma vez, ao cantar Chico Buarque para ele, meu pai me alertou para parar, com receio de que alguém pudesse me prender", compartilhou a jovem.
Outro relato impactante é de Luana Lungaretti, também de 22 anos, filha de Celso Lungaretti, ex-guerrilheiro preso e brutalmente torturado pelo regime. Durante sua prisão, Celso sofreu choques elétricos, espancamentos e teve o tímpano perfurado, uma lesão que deixou sequelas físicas e emocionais permanentes.
A música "É Preciso Dar um Jeito, Meu Amigo", de Erasmo Carlos, que compõe a trilha sonora do filme, embala muitos dos vídeos e dá ainda mais força aos relatos. A repercussão da trend abriu espaço para que novas gerações aprendessem sobre a ditadura e para que histórias antes silenciadas finalmente ganhassem voz.
Essa onda de depoimentos não só resgata memórias como também promove um debate essencial sobre o impacto desse período sombrio da história brasileira. Como destacou Maria: "O filme trouxe empatia e despertou um senso de consciência que muitas pessoas da minha geração nem imaginavam."
Fonte: BBC.com
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