Muitos brasileiros se perguntam por que candidatos a vereador ou deputado, mesmo sendo os mais votados, às vezes não são eleitos. A resposta está no sistema proporcional, utilizado em eleições para Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas e Câmara dos Deputados. Esse sistema, ao contrário do sistema majoritário usado para cargos executivos, distribui as cadeiras de acordo com os votos totais do partido ou coligação, e não apenas os votos individuais de cada candidato.
Funciona assim: para calcular quantas cadeiras um partido ganha, usa-se o "quociente eleitoral", que é a divisão dos votos válidos pelo número de cadeiras disponíveis. Ou seja, o partido precisa atingir uma quantidade mínima de votos para conquistar cadeiras. Um candidato com poucos votos pode ser eleito se o partido atingir esse quociente, enquanto outro, mesmo com muitos votos, pode não conseguir a vaga se o partido não alcançar essa marca. Isso explica casos como o “efeito Tiririca”, em que um candidato popular ajuda outros do mesmo partido a se elegerem.
Além disso, existem as chamadas "sobras", quando, após a distribuição inicial de cadeiras, sobram vagas que podem ser preenchidas por partidos que chegaram perto de atingir o quociente. Esse sistema cria um cenário onde a força do partido pode ser mais decisiva do que a popularidade individual de um candidato. Em 2020, por exemplo, mais de 40 mil candidatos foram eleitos graças à força do partido, ilustrando a complexidade e o impacto do sistema proporcional nas eleições brasileiras.