Já imaginou acordar com a notícia de que um míssil nuclear foi lançado? Segundo o livro "Nuclear War: A Scenario", da jornalista investigativa Annie Jacobsen, o mundo teria apenas 72 minutos até o colapso total.
A autora reconstruiu, minuto a minuto, como seria o desenrolar de uma guerra nuclear realista, com base em documentos recém-desclassificados, entrevistas com 46 especialistas do alto escalão militar, ex-comandantes da STRATCOM, ex-misseleiros e até ex-secretários de Defesa dos EUA.
Como tudo começaria: o disparo de um "Rei Louco"
O cenário descrito por Jacobsen começa com um ataque vindo da Coreia do Norte, com o lançamento de um míssil intercontinental contra o Pentágono e outro contra uma usina nuclear na Califórnia.
Por que começar assim? Segundo especialistas como Richard Garwin, um dos criadores da bomba termonuclear, o maior risco hoje não é apenas o confronto entre potências, mas sim um ataque inesperado de um "Mad King" — ou seja, um líder imprevisível, com mentalidade de "depois de mim, o dilúvio".
Mas vale lembrar que esse "Rei Louco" também pode ser qualquer líder de superpotência com poderio militar.
A decisão presidencial: 6 minutos para evitar o fim
O presidente dos Estados Unidos teria apenas 6 minutos para decidir: revidar ou não.
Essa janela de tempo é confirmada por fontes como o próprio Ronald Reagan, que em suas memórias descreveu o choque ao descobrir como o processo de decisão nuclear era apressado.
Durante esses minutos, o presidente abriria o chamado "Livro Negro", contendo as opções de retaliação. Uma delas: lançar 82 mísseis contra alvos militares e de comando na Coreia do Norte.
O efeito dominó: como a Rússia entraria na guerra
Agora vem o detalhe assustador: os mísseis americanos teriam que sobrevoar o espaço aéreo da Rússia. Sem conseguir contato imediato com o presidente dos EUA, Moscou interpretaria isso como um ataque direto, desencadeando uma resposta massiva.
Em minutos, mísseis russos seriam disparados contra os EUA, ativando também os sistemas de defesa nuclear aliados da OTAN. Resultado: o mundo inteiro entraria em colapso em pouco mais de uma hora.
Inverno nuclear: um planeta congelado e sem alimentos
Depois da destruição inicial, começaria o inverno nuclear. Uma nuvem de fuligem bloquearia a luz do sol, reduzindo drasticamente a temperatura global.
Estudos apontam que países como EUA, Ucrânia e grande parte da Europa ficariam cobertos de gelo por até 10 anos.
Segundo Annie Jacobsen, o planeta entraria em uma mini era glacial, com colheitas impossíveis, escassez total de alimentos e um risco altíssimo de extinção humana por fome e frio.
Radiação, ozônio destruído e céu escuro por anos
Com a destruição da camada de ozônio, a radiação solar se tornaria letal até para quem sobrevivesse às explosões.
Sair ao ar livre seria praticamente impossível, com risco de câncer de pele instantâneo e queimaduras graves, mesmo sob o frio intenso.
Existe algum lugar seguro após o apocalipse?
De acordo com o climatologista Brian Toon, Austrália e Nova Zelândia seriam os únicos lugares com chances reais de manter alguma produção agrícola.
Mas mesmo lá, a sobrevivência seria difícil, pois os impactos climáticos afetariam o planeta como um todo.
E os bunkers milionários? Eles realmente funcionariam?
Jacobsen alerta que os bunkers de luxo, construídos por bilionários ao redor do mundo, só ofereceriam proteção enquanto houvesse energia. Com as usinas e redes elétricas destruídas, esses refúgios logo ficariam sem ar, comida e água potável.
A maior verdade: o inimigo é a própria bomba
A conclusão mais impactante do livro vem com uma frase inspirada no cientista Carl Sagan:
"O verdadeiro inimigo nunca foi outro país. Foram sempre as armas nucleares."
O próprio Reagan, após assistir ao filme "The Day After" em 1983, mudou sua postura sobre armamentos nucleares, o que contribuiu para a redução de ogivas de 70 mil para cerca de 12 mil atualmente.
Mas o risco permanece.
Por que estamos falando disso agora?
O livro de Annie Jacobsen chega num momento crítico, com tensões entre EUA e Rússia, ameaças nucleares da Coreia do Norte e o Irã cada vez mais perto de obter armamento nuclear. Recentemente começou o conflito Isrel x Irã por esse motivo.
Em 13 de junho de 2025, Israel lançou um ataque em grande escala às instalações nucleares iranianas, incluindo Natanz, Isfahan e Fordow, matando líderes militares e cientistas – sinalizando que quer congelar o avanço do Irã rumo a uma bomba atômica
A pergunta que fica é: "E se a dissuasão falhar desta vez?"
A história mostra que já estivemos perto do abismo algumas vezes... E a sorte pode não durar para sempre.
