Você já fez uma tomografia computadorizada? Se sim, talvez não saiba que esse exame, feito milhões de vezes todos os anos no mundo, pode estar relacionado ao surgimento de milhares de casos de câncer. Parece chocante, né? Mas é o que mostra uma nova pesquisa do Instituto de Pesquisa do Câncer de Londres.
Só nos Estados Unidos, estima-se que mais de 103 mil casos de câncer por ano estejam relacionados à exposição à radiação dessas tomografias. E o mais assustador: quase 10 mil desses casos são em crianças.
Um risco comparável ao do álcool
A pesquisa aponta que cerca de 5% dos casos de câncer nos EUA podem estar ligados à radiação emitida por tomografias computadorizadas. Para você ter uma ideia, esse número é comparável ao risco associado ao consumo de álcool.
Mas calma! Isso não quer dizer que todo mundo deve parar de fazer exames. Segundo os pesquisadores, quando a tomografia é realmente necessária, os benefícios superam os riscos. O problema está no uso excessivo e muitas vezes desnecessário do exame — especialmente quando oferecido por clínicas privadas como “check-up completo” para pessoas saudáveis.
O aumento impressionante no número de exames
Em 1980, os Estados Unidos faziam cerca de 3 milhões de tomografias por ano. Em 2023, esse número saltou para 93 milhões! Isso mesmo. Um aumento gigantesco, que preocupa especialistas, principalmente pelo fato de muitas clínicas não seguirem rigorosamente os limites de radiação.
Aliás, a quantidade de radiação pode variar até 15 vezes de uma clínica para outra. Ou seja, dependendo de onde você fizer o exame, pode estar recebendo uma dose muito maior do que o necessário.
Efeitos colaterais em crianças e jovens
Crianças são especialmente vulneráveis. Quando expostas a radiações altas ainda na infância ou adolescência, têm maior risco de desenvolver tumores cerebrais ou câncer no sangue. Um estudo anterior já havia mostrado que pessoas que fazem tomografia antes dos 22 anos têm maior risco ao longo da vida.
Além disso, fazer várias tomografias ao longo dos anos também aumenta as chances. Mesmo uma única exposição já eleva um pouco o risco. Agora, imagine quem faz várias ao longo da vida sem real necessidade…
Já imaginou isso? Um exame feito para detectar o câncer… pode causar câncer
Essa é a grande ironia. A tomografia computadorizada é uma ferramenta poderosa e salva vidas todos os dias, ajudando médicos a diagnosticar e tratar doenças graves com mais rapidez. Mas se for usada de forma exagerada ou irresponsável, pode trazer consequências sérias.
Por isso, a recomendação é clara: exames só quando realmente necessários, com a dose certa para cada paciente, especialmente crianças.
Curiosidade bônus: quanta radiação tem em uma tomografia?
Pra você ter ideia, uma tomografia do tórax pode emitir a mesma quantidade de radiação que 100 a 200 radiografias simples. E uma tomografia da cabeça? Pode equivaler a cerca de 30 radiografias de crânio.
No Reino Unido, por exemplo, o uso de tomografias é bem mais controlado. O país tem uma das menores taxas de uso do exame no mundo desenvolvido, exatamente por causa da preocupação com esses riscos.
Mas não é pra entrar em pânico ou achar que nunca mais pode fazer uma tomografia. O importante é saber que, como todo procedimento médico, a tomografia tem riscos, e precisa ser feita com critério. Converse com seu médico, questione se o exame é realmente necessário e escolha clínicas confiáveis.
Já imaginou que algo tão comum poderia esconder um risco assim?
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