Não é de hoje que o ouro desperta fascínio. Desde as máscaras douradas dos faraós egípcios até os cofres dos bancos centrais modernos, o metal sempre foi símbolo de estabilidade em meio ao caos. Em tempos de incerteza, ele volta aos holofotes — e 2025 é mais uma prova disso.
Com os contratos futuros ultrapassando os 4 mil dólares por onça-troy em Nova York, o ouro viu sua valorização saltar mais de 50% no acumulado do ano. O cenário global é de turbulência: tensões geopolíticas, inflação persistente, políticas agressivas do governo Trump e até um shutdown nos Estados Unidos alimentam o apetite por ativos considerados seguros.
“Quando tudo balança, é no ouro que o mercado tenta se apoiar.”
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Mas será que ainda faz sentido apostar no metal dourado como porto seguro?
O ouro e o dólar: uma dança antiga
Historicamente, o ouro se move na direção oposta do dólar. Quando a moeda americana se valoriza, o metal tende a cair. Mas em 2025, o movimento tem sido o contrário: com o dólar enfraquecido, investidores de diversos países voltaram a comprar o metal em peso.
Bancos centrais voltaram à ativa — só em agosto, adicionaram 15 toneladas às reservas globais. O destaque vai para a China, que completou dez meses consecutivos de compras, e para a Polônia, principal compradora no acumulado do ano. Já o Brasil mantém suas reservas estáveis desde 2021, com 129,6 toneladas avaliadas em mais de 13 bilhões de dólares.
Como investir em ouro no Brasil hoje
Existem várias maneiras de se expor ao ouro — e nem todas envolvem segurar barras brilhantes nas mãos.
1. Ouro em barra: Ideal para quem quer contato direto com o metal, mas exige cuidado com segurança e liquidez. As compras devem ser feitas apenas por corretoras autorizadas pelo Banco Central e pela CVM.
2. Contratos futuros: Lançados na B3 em 2025, os contratos GLD permitem investir a partir de R$ 50 por lote. Nas primeiras semanas, o volume saltou quase 700%, com destaque para a entrada de estrangeiros.
3. Fundos e ETFs: Alternativas mais simples e acessíveis, como o Trend Ouro FIM, exigem pouco investimento inicial e são geridos por profissionais. ETFs como GLDX11 e GOLD11 também oferecem exposição ao ouro sem a necessidade de guardar o ativo físico.
4. Ações de mineradoras: Empresas como a Aura Minerals (AURA33) oferecem uma forma indireta de investir, com potencial de dividendos e valorização.
Os riscos e tributos do ouro
Apesar da fama de abrigo seguro, o ouro também oscila. Seu preço depende da oferta e demanda globais, da força do dólar e das decisões monetárias de grandes economias. O investimento pode proteger em tempos de crise, mas não é imune à volatilidade.
A tributação segue as regras da renda variável: até R$ 20 mil mensais em lucros estão isentos de imposto; acima disso, aplica-se 15%. Nos ETFs, o ganho de capital também é tributarizado com a mesma alíquota, enquanto fundos multimercado seguem tabela regressiva.
“Investir em ouro pode ser uma proteção. Especular com ele, não.”
O fascínio eterno do metal dourado
Desde as coroas dos reis até os cofres dos governos, o ouro atravessou civilizações mantendo seu brilho — literal e simbólico. Em tempos modernos, ele continua sendo a ponte entre a confiança e o medo dos mercados.
Mas, como alerta o historiador econômico Philip Fliers, “ser um investimento seguro não significa estar livre de riscos”. Assim que a calmaria retorna, o entusiasmo pelo ouro costuma arrefecer.
Talvez o verdadeiro segredo não esteja em “apostar no ouro”, mas em compreender o que ele representa: a eterna busca humana por estabilidade em meio à incerteza.
