Já imaginou acordar e ver helicópteros, tiros e carros blindados ocupando o céu e as ruas da sua cidade? Foi assim que amanheceu o Rio de Janeiro nesta quarta-feira, em um cenário que mais parecia um campo de guerra.
A megaoperação nos Complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte, deixou 121 mortos, segundo o balanço divulgado pelo governo fluminense. Entre as vítimas, estão quatro policiais. É o número mais alto já registrado em uma única ação policial na história do estado.
Uma cidade paralisada
A magnitude da operação foi tão grande que 83 escolas tiveram as aulas suspensas, ônibus pararam de circular e várias vias foram bloqueadas. Ao todo, 2,5 mil agentes civis e militares participaram da ação.
Moradores relataram cenas de desespero e improvisaram uma espécie de cortejo, levando corpos até a Praça São Lucas, na Penha.
Segundo a Polícia Civil, 63 corpos foram localizados na mata durante as buscas, o que reforça a dimensão do confronto.
“Estamos diante da operação mais letal da história do Rio”, declarou um especialista em segurança pública ao avaliar os números.
O que foi o “Muro do Bope”?
Durante entrevista coletiva, o secretário da Polícia Militar, Marcelo de Menezes, explicou a tática adotada pelas forças de segurança.
Segundo ele, a operação contou com uma estratégia chamada “Muro do Bope”, em que os policiais cercaram os criminosos a partir da Serra da Misericórdia, empurrando-os em direção a uma área de mata fechada onde o Batalhão de Operações Especiais já aguardava.
A intenção, segundo o governo, era conter o avanço de integrantes do Comando Vermelho (CV) que tentavam escapar pela região.
Um episódio que entra para a história
A ação, batizada de “Operação Contenção”, já é considerada um dos episódios mais intensos e controversos da segurança pública brasileira.
Além das mortes, a operação reacendeu discussões sobre o uso da força policial em áreas urbanas e os impactos sobre as comunidades.
“O Rio vive uma rotina em que a linha entre segurança e tragédia se torna cada vez mais tênue”, comentou um morador ao relatar o medo e o caos que tomaram conta da região.
O futuro da segurança no Rio
Autoridades afirmam que a megaoperação tinha como foco enfraquecer as rotas de tráfico e impedir a expansão territorial das facções.
Mas especialistas alertam: sem políticas públicas e ações sociais nas favelas, o ciclo de violência tende a se repetir.
Enquanto isso, os moradores da Penha e do Alemão seguem tentando voltar à normalidade, entre memórias de tiros, helicópteros e sirenes — lembranças de um dia que ficará marcado na história do Rio de Janeiro.
