O Monte Fuji, símbolo majestoso do Japão, costuma ver seu cume coberto de neve já no início de outubro. Contudo, este ano a famosa camada branca ainda não apareceu, deixando o cenário inusitado e levantando questões sobre os efeitos das mudanças climáticas. Os cientistas monitoram o clima na região há mais de um século e, até então, o recorde de atraso da neve tinha sido em 26 de outubro, nos anos de 1955 e 2016. Este ano, no entanto, o inverno se aproxima e o Monte Fuji segue sem sua tradicional capa gelada, algo que está gerando discussões no Japão e no mundo.
A comunidade científica ainda não chegou a um consenso sobre a causa exata do atraso na neve. Enquanto alguns pesquisadores associam o fenômeno às mudanças climáticas e ao aquecimento global, outros argumentam que pode ser cedo para afirmar uma relação direta. O verão de 2024 foi o mais quente já registrado no Japão, com temperaturas médias 1,76°C acima do normal, o que impactou diretamente o outono. A falta de resfriamento adequado no início desta estação parece ter impedido a chegada do ar frio essencial para a formação de neve, mantendo a temperatura acima de zero grau, o mínimo necessário para que a precipitação se torne neve.
O Monte Fuji, com 3.776 metros de altura e localizado na ilha de Honshu, é um dos cartões-postais mais venerados do Japão, visível de Tóquio em dias claros e celebrado em obras de arte, literatura e pela tradição espiritual japonesa. Além de seu valor cultural, ele é um popular destino turístico, recebendo mais de 220 mil visitantes em temporadas recentes. Como patrimônio da humanidade, o Monte Fuji carrega significados de fé e conexão com a natureza para o povo japonês. A ausência de neve em um período atípico desafia esse símbolo de harmonia e resiliência, acendendo o debate sobre a preservação do meio ambiente e a influência humana nos ecossistemas naturais.