Segunda-feira, 20 de Outubro de 2025
Jesus, o judeu da Palestina: entre fé, identidade e condenação

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Jesus, o judeu da Palestina: entre fé, identidade e condenação

Uma figura nascida sob o domínio romano, rejeitada por religiosos e usada, séculos depois, como símbolo de resistência e pertencim

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Num tempo marcado pela ocupação, pela opressão imperial e por conflitos entre fé e poder, nasceu Jesus. Um homem judeu, em território que mais tarde viria a ser chamado Palestina. Seu nascimento em Belém da Judeia, sua vida itinerante entre Nazaré e Jerusalém e sua crucificação às portas da cidade santa ocorreram em uma terra sob domínio romano, mas culturalmente enraizada no universo semita, hebreu e, politicamente, inquieto.

Hoje, séculos depois, esse mesmo chão onde ele nasceu, pregou e morreu, região onde convivem ruínas, oliveiras, soldados e esperanças antigas, é conhecido como Palestina. E não por acaso, muitos se referem a Jesus como um judeu palestino, numa tentativa de resgatar não apenas a geografia de seu nascimento, mas também sua condição de corpo oprimido, rejeitado e sacrificado por estruturas religiosas e políticas de seu tempo.

Uma identidade entre fé e território

Jesus era judeu. Praticava a fé de seus antepassados, lia as Escrituras, ia ao templo, respeitava as festas religiosas. Sua identidade não era contestada por seus contemporâneos. No entanto, foi justamente entre os líderes de sua religião que surgiu a maior rejeição. Seu discurso de ruptura, seu amor aos marginalizados, sua crítica aos hipócritas e seu clamor por justiça desestabilizavam os poderosos. Não os romanos, mas os religiosos.

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Os sumos sacerdotes, os fariseus mais radicais e os escribas zelosos viam em Jesus uma ameaça. Não por querer destruir o templo, mas por ousar lembrar-lhes que o templo havia esquecido os pobres, os doentes e os pecadores.

Condenado por mãos religiosas, executado por mãos imperiais

A narrativa da paixão deixa clara uma sequência cruel. A instigação partiu dos líderes religiosos, a condenação final foi lavada nas mãos de Pilatos, e a execução foi realizada por soldados romanos. Um ritual burocrático de sangue, onde cada autoridade se esquivava da responsabilidade moral, mas ninguém recuava diante do clamor da multidão.

A cruz, instrumento romano de tortura, foi o destino final daquele que os religiosos não souberam suportar e que os políticos não quiseram proteger. Era mais conveniente matá-lo do que ouvi-lo. Era mais prudente calá-lo do que arriscar uma insurreição espiritual.

Jesus palestino?

Historicamente, é impreciso afirmar que Jesus foi "palestino" nos moldes nacionais ou étnicos modernos. A Palestina como identidade nacional só viria séculos mais tarde. Contudo, Jesus foi um homem da Palestina romana, do território hoje disputado com lágrimas, foguetes e muros.

É nesse sentido que muitos, sobretudo os que veem em Jesus um símbolo de resistência à opressão, reivindicam sua figura como palestina. Não por uma disputa de etnias, mas por uma comunhão com a dor dos que ainda hoje vivem naquela mesma terra, ferida, ocupada e marginalizada.

Um corpo crucificado pela religião

Mais do que uma vítima da política, Jesus foi, acima de tudo, um corpo rejeitado pela religião oficial de seu tempo. Ele não foi morto por ser um criminoso, mas por ser incômodo. Por trazer à tona o que a fé institucionalizada não queria mais ouvir: que Deus não habita em templos feitos por mãos humanas, que o sábado foi feito para o homem, e que amar o próximo vale mais que qualquer rito.

Ao ser morto, Jesus expôs o que há de mais cruel na religião: sua capacidade de sacrificar vidas em nome da ordem.

E ainda hoje, em meio à fumaça das guerras e ao silêncio de muitos templos, a figura de um judeu da Palestina, de braços abertos e olhar triste, parece ainda perguntar: por que me rejeitam?

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