Já imaginou facções brasileiras sendo tratadas como grupos terroristas?
Pois é, essa é a nova realidade. O Paraguai acaba de seguir os passos da Argentina e classificou oficialmente o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) como organizações terroristas internacionais. A decisão, assinada pelo presidente Santiago Peña, representa uma mudança drástica na forma como os países vizinhos lidam com o crime organizado que há anos ultrapassa fronteiras.
“Eles não apenas afetam a vida das pessoas, mas ameaçam nossa soberania e nossas instituições”, afirmou o contra-almirante Cíbar Benítez, secretário do Conselho de Defesa Nacional.
A decisão veio em meio a uma escalada de violência
O decreto paraguaio foi publicado poucos dias após a Argentina adotar a mesma medida. A pressão aumentou depois da operação policial no Rio de Janeiro, que terminou com 121 mortes durante o cumprimento de mandados contra integrantes do Comando Vermelho nos complexos do Alemão e da Penha.
A notícia de que alguns criminosos conseguiram escapar acendeu o alerta vermelho nas fronteiras. Tanto Argentina quanto Paraguai reforçaram a segurança para evitar a entrada de membros das facções.
O que muda com a nova classificação
Ao classificar o PCC e o Comando Vermelho como organizações terroristas, o Paraguai passa a enquadrar seus membros sob leis antiterrorismo, o que permite penas mais severas, cooperação internacional ampliada e maior poder de investigação.
Segundo o jornal ABC Color, o decreto cita a “necessidade de fortalecer a segurança e impedir a expansão desses grupos na região”.
Além disso, a decisão coloca as facções brasileiras na mesma lista de grupos já designados como terroristas no país, como o Hezbollah, a Guarda Revolucionária Islâmica e o Cartel de los Soles.
“É uma resposta direta à ameaça regional que esses grupos representam”, destacou o presidente Peña.
A influência das facções brasileiras fora do país
O PCC e o Comando Vermelho não são novos no território paraguaio. Há anos, ambos os grupos expandem suas operações para além do Brasil, atuando especialmente no tráfico de drogas e armas.
A fronteira entre Paraguai e Brasil é considerada estratégica para o escoamento de entorpecentes e lavagem de dinheiro — o que transformou cidades fronteiriças em pontos críticos de segurança nacional.
Com a nova medida, o governo paraguaio espera enfraquecer as redes financeiras e logísticas que sustentam essas facções e intensificar o combate conjunto com outros países sul-americanos.
Uma reação em cadeia na América do Sul
A decisão do Paraguai reforça um movimento regional de cooperação contra o crime transnacional.
A Argentina foi a primeira a agir, logo após a operação no Rio. Agora, com o Paraguai unindo forças, cresce a expectativa de que outros países adotem medidas semelhantes.
Especialistas afirmam que o próximo passo pode ser a criação de uma força-tarefa internacional, unindo polícias e serviços de inteligência para frear a expansão das facções.
“Quando o crime ultrapassa fronteiras, a resposta também precisa ultrapassá-las”, observou um analista ouvido pela agência EFE.
O desafio está apenas começando
Apesar da medida ser simbólica e estratégica, especialistas alertam que classificar o PCC e o Comando Vermelho como terroristas é apenas o começo.
A verdadeira batalha está em impedir a infiltração desses grupos nas instituições e romper o fluxo financeiro que sustenta suas operações.
Ainda assim, a decisão do Paraguai marca um divisor de águas no combate ao crime organizado na América do Sul — um recado claro de que a região está cansada de assistir à violência cruzar fronteiras impunemente.
