Já imaginou um Brasil que produz sua própria insulina? Por décadas, o país dependeu da importação desse medicamento essencial, usado por milhões de brasileiros com diabetes. Agora, essa história está prestes a mudar.
O governo brasileiro assinou um acordo inédito com a empresa chinesa Gan & Lee Pharmaceuticals para iniciar a produção nacional da insulina glargina, uma versão de ação prolongada que ajuda no controle do diabetes tipo 1 e 2.
A parceria promete não só reduzir custos para o SUS, mas também marcar um avanço histórico na independência tecnológica do país.
Publicidade

Uma parceria que une tecnologia e esperança
O acordo, firmado pelo Ministério da Saúde, reúne a Fiocruz, a Biomm e a própria Gan & Lee, e prevê a produção de 20 milhões de frascos de insulina destinados ao Sistema Único de Saúde.
Em um primeiro momento, o envase e a rotulagem acontecerão no Brasil, com o insumo vindo da China. Mas a meta é ir além: fabricar o produto integralmente no país, no Centro Tecnológico em Insumos Estratégicos da Fiocruz, em Eusébio, no Ceará.
Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a parceria é estratégica e simboliza um novo ciclo de desenvolvimento para a saúde pública brasileira.
“Essa cooperação vai gerar conhecimento, inovação e autonomia para o Brasil produzir mais medicamentos com tecnologia própria.”
Menos custos e mais acesso
Produzir a própria insulina significa muito mais do que economia. Representa segurança sanitária e acesso ampliado para milhões de pacientes. Com a produção local, o SUS deve economizar em transporte, importação e logística — recursos que poderão ser reinvestidos em outras áreas da saúde.
Além da insulina, o acordo prevê pesquisas conjuntas em tratamentos oncológicos e doenças autoimunes, fortalecendo a presença do Brasil em biotecnologia e farmacologia avançada.

Um salto na ciência brasileira
A vice-presidente da Fiocruz, Priscila Ferraz, destacou que essa cooperação abre portas para novos desenvolvimentos. A insulina glargina, já utilizada há mais de 20 anos na China e comercializada em mais de 30 países, chega agora como símbolo de avanço e soberania tecnológica.
“Estamos diante de uma parceria que une o melhor da ciência brasileira e da tecnologia chinesa. O resultado será mais inovação e acesso a terapias modernas.”
E o futuro?
Além do diabetes, o acordo pode impulsionar o desenvolvimento de medicamentos baseados no hormônio GLP-1, usado em tratamentos contra obesidade e diabetes tipo 2. Esse hormônio ajuda a controlar o apetite e os níveis de glicose, e vem sendo a base de novos fármacos em todo o mundo.
Para o diretor da Gan & Lee, Wei Chen, o projeto simboliza um novo patamar de cooperação entre os dois países.
“Queremos garantir que mais pacientes tenham acesso a terapias seguras e modernas, produzidas no próprio Brasil.”
Afinal, um país que domina sua própria tecnologia de medicamentos também conquista mais autonomia, conhecimento e saúde.