Já imaginou se o mundo fosse atingido por uma nova pandemia, mais mortal, mais rápida e ainda mais imprevisível do que a Covid-19?
É exatamente esse o cenário descrito por Michael T. Osterholm, um dos maiores especialistas em doenças infecciosas do planeta. Ele é professor, titular da Cátedra Presidencial McKnight em Saúde Pública e diretor fundador do Centro de Pesquisa e Política em Doenças Infecciosas (CIDRAP) da Universidade de Minnesota.
No livro “The Big One: How We Must Prepare for Future Deadly Pandemics”, escrito em parceria com o autor Mark Olshaker, Osterholm descreve com detalhes o que poderia acontecer se um novo vírus mortal surgisse e se espalhasse antes que o mundo tivesse tempo de reagir.

Um bebê, um vírus e o início do caos
O cenário começa de forma quase imperceptível: um bebê morre em uma pequena vila entre o Quênia e a Somália. Poucos dias depois, o vírus que causou a morte atravessa fronteiras.
Um profissional de saúde, sem saber que está infectado, torna-se um “supertransmissor”, levando a doença para diferentes regiões e transformando um caso isolado em uma pandemia global.
“O micróbio que atingiu uma criança em um continente distante ontem pode chegar ao seu país hoje e causar uma pandemia amanhã.”
Joshua Lederberg, Prêmio Nobel de Medicina
Segundo o especialista, o impacto seria devastador. Ele estima que apenas nos Estados Unidos, mais de sete milhões de pessoas poderiam morrer e o número global seria ainda mais trágico.

Lições que o mundo insiste em ignorar
Osterholm e Olshaker afirmam que, mesmo após a pandemia de Covid-19, a humanidade não aprendeu o suficiente. A dependência de cadeias globais de suprimentos tornaria tudo ainda mais difícil: alimentos, medicamentos, combustíveis e até caixões poderiam se tornar escassos.
O pesquisador alerta que a infraestrutura global é frágil e interdependente. Se fábricas na China e na Índia parassem, a escassez de medicamentos essenciais seria inevitável, uma vulnerabilidade que os países ricos continuam ignorando.
A ética e a cooperação global como defesa
O livro também destaca a importância da solidariedade internacional. Segundo Osterholm, “ninguém está seguro até que todos estejam seguros”.
Ele defende que vacinas, equipamentos e tratamentos devem ser distribuídos de forma equitativa, e não concentrados em países ricos, como ocorreu na Covid-19.
“Não podemos mais ser indiferentes ao sofrimento alheio.”
Dr. Joshua Lederberg
Além disso, o autor defende que governos invistam mais na preparação contra pandemias do que em armas e defesa militar. Para ele, os micróbios são uma ameaça muito mais real e imediata do que guerras convencionais.

O que podemos fazer agora?
Osterholm acredita que o mundo ainda pode se preparar, mas o tempo está se esgotando.
Ele propõe planos de produção acelerada de vacinas, estoques estratégicos de medicamentos e acordos internacionais de resposta rápida para conter futuros surtos antes que se tornem incontroláveis.
No fim das contas, o livro é mais do que um alerta. É um pedido urgente para que a humanidade aprenda com o passado antes que o próximo vírus nos ensine da pior forma possível.