Já imaginou colher uma folha achando que é couve e, sem saber, preparar um prato mortal? Foi o que aconteceu com uma família de Minas Gerais, após confundir uma planta tóxica com a verdura tão comum nas cozinhas brasileiras. O caso terminou de forma trágica e serve de alerta para quem vive em áreas rurais ou cultiva hortas em casa.
A vítima, Claviana Nunes da Silva, de 37 anos, morreu após ingerir a planta conhecida como “falsa couve”, identificada cientificamente como Nicotiana glauca. Ela estava internada desde o dia 8 de outubro em Patrocínio, no Alto Paranaíba, e faleceu após sofrer uma grave lesão cerebral causada pela intoxicação.
Outros três familiares também foram hospitalizados, e dois deles continuam em estado grave. Segundo informações médicas, a planta contém substâncias capazes de afetar diretamente o sistema nervoso, provocando paralisia muscular e respiratória.
“Mesmo cozida, a falsa couve mantém toxinas que podem levar à morte”, alerta a professora Amanda Danuello, especialista em química de produtos naturais da Universidade Federal de Uberlândia.

A semelhança que engana os olhos
A “falsa couve” recebeu esse apelido justamente por enganar. Suas folhas são finas, de textura aveludada e com um tom esverdeado mais acinzentado, características sutis que a diferenciam da couve verdadeira.
Mas para quem não tem as duas lado a lado, a confusão é quase inevitável. E o resultado pode ser fatal.
A planta é comum em beiras de estrada, terrenos baldios e até em áreas de cultivo. Por isso, quem se muda para uma nova propriedade e encontra folhas parecidas com couve deve redobrar a atenção.
“Jamais consuma plantas que você não conhece bem. O risco é muito maior do que parece”, reforça Danuello.

A origem do perigo
A Nicotiana glauca pertence à mesma família do tabaco e é popularmente chamada de charuteira ou fumo bravo. Ela contém anabazina, um alcaloide extremamente tóxico. Mesmo pequenas quantidades podem causar intoxicação severa.
O modo de preparo também influencia. Consumida crua ou mal cozida, a planta libera mais toxinas. E o mais alarmante: não existe antídoto caseiro. O tratamento depende de atendimento médico imediato para evitar falência respiratória e danos neurológicos permanentes.
Um alerta que vale para todo o país
Casos como esse têm ocorrido em diferentes regiões do Brasil, especialmente no interior, onde é comum colher alimentos diretamente do quintal. Especialistas reforçam a importância de identificar corretamente cada planta antes de consumi-la.
A falsa couve pode até parecer inofensiva, mas carrega um veneno natural que age rápido e de forma silenciosa.
Um simples erro de identificação foi suficiente para transformar um almoço de família em uma tragédia.
“A natureza é bela, mas também perigosa. Conhecê-la é a melhor forma de se proteger dela.”