Já imaginou um país voltar às ruas para lembrar que “não tem rei”? Nos Estados Unidos, essa ideia ganhou força com o movimento “No Kings”, expressão que significa literalmente “sem reis”. O lema se espalhou por mais de 2.600 protestos em todo o país, organizados por grupos progressistas que acusam o presidente Donald Trump de agir como se governasse uma monarquia, e não uma democracia.
A mensagem central é simples, mas poderosa: os Estados Unidos nasceram para não ter reis. E, segundo os manifestantes, é justamente esse ideal que está em risco.
“Este país não pertence a reis, ditadores ou tiranos. Ele pertence ao povo”, afirmam os organizadores.
Publicidade

Quando tudo começou
Os primeiros protestos com o nome “No Kings” surgiram em abril de 2025, criados pela organização progressista 50501 Movement. O grupo acredita em uma teoria curiosa: se 3,5% da população se engajar em uma causa, mudanças políticas significativas se tornam inevitáveis.
Mas o movimento só ganhou força em 14 de junho, quando milhares de pessoas foram às ruas no mesmo dia em que Trump completava 79 anos e realizava um desfile militar em Washington. Desde então, o grito “No Kings” ecoa como um símbolo de resistência e liberdade.
O que os manifestantes reivindicam
Os ativistas afirmam que a administração Trump tem promovido ações autoritárias: envio de agentes mascarados às ruas, prisões sem mandado, perseguição a imigrantes e interferência em instituições democráticas.
Para eles, essas atitudes lembram práticas de regimes autocráticos, nos quais o poder de um líder parece não ter limites.
“Trump age como se fosse um rei moderno, com poder absoluto sobre o país”, dizem os protestos.
Segundo a professora Dana Fisher, especialista em movimentos sociais da Universidade Americana, a estimativa é de que os atos mais recentes tenham reunido mais de 3 milhões de pessoas, o maior número desde o retorno de Trump à Casa Branca.

A resposta de Trump e seus aliados
Em entrevista à emissora Fox Business, Trump ironizou o nome do movimento:
“Estão se referindo a mim como um rei. Eu não sou um rei.”
Mesmo assim, seus apoiadores classificaram os protestos como “antipatrióticos”. O presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, chegou a dizer que o “No Kings” é “um comício de ódio aos EUA”, especialmente após o assassinato de Charlie Kirk, ativista político pró-Trump, em setembro.
Um grito que vem do passado
O lema “No Kings” resgata a essência da Revolução Americana, quando os colonos romperam com o domínio do rei da Inglaterra e fundaram um país baseado na ideia de liberdade e autogoverno.
Quase 250 anos depois, a frase volta às ruas como uma lembrança: a democracia é frágil, e precisa ser defendida todos os dias.
“No Kings” não é apenas um slogan. É uma lembrança de que nenhum governante está acima do povo.